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Clip ao ViVo da música: Não Saia Da Trilha:
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ELETRORGASMO
A última vez que eu vi o Mamutes em ação foi no Rock Sertão de dois mil e dez. A princípio o impulso de afastar algumas teias de aranha dos meus bolsos, e rachar a gasolina com os comparsas, nasceu do tesão de ver a apresentação do Mopho, a única banda – excetuando os Smiths, claro – que já me fez chorar de emoção. É, mas a manada literalmente roubou aquela noite; inclusive colocando uma derradeira pá de cal na morna impressão que eu tive de um antigo cd demo deles. Senhora banda de palco. Durante o ataque sonoro dos caras eu devo ter destruído umas três guitarras imaginárias. E todas importadas! Caralho, dez reais de gasolina e três Telecaster imaginárias. Porém tudo vale a pena quando o assunto é dar uma bela enxaguada na alma...
Quatro estações depois e eis que esse glorioso comboio de desajustados me aparece com uma granada de mão batizada com o estupendo título de “Eletrokarma”, desde já considerado como mais um capítulo vital na história da música feita em Sergipe. Capítulo escrito com sêmen, sangue e bílis, esfregados apropriadamente nas fuças desse moleque mimado que virou o tal rock nacional.
Isto não quer dizer que no stoned–rock matador que a banda nos presenteia em dez faixas rigorosamente brilhantes não haja espaço para filigranas de sofisticação, como a que encontramos na atmosfera soturna de “Os olhos da cobra”; ou na deliciosa levada disco retrô – com direito a sopros! – da espetacular “Tudo no seu tempo”. Ou mesmo em elementos pouco usuais para uma banda de hard–rock, como o uso de castanholas na emocionante “Noturna”. Casca–grossa pode até ser, baby, mas com estilo! E quando nos deparamos com a minha canção Mamutes preferida, “Te deixando meu bye bye”, não é de perguntar se não estamos frente a frente com a rock song do ano? Quanto às letras, o teor obsessivo de alguns temas faz com que exista um tom quase conceitual no disco. Constantemente os versos desfilam uma peculiar fauna de olhos que seduzem e/ou hostilizam; paraísos artificiais; a Noite, com o que há nela de alento e perigo; garotas que trazem o que há nelas de alento... e perigo. Tudo isso numa embalagem que, por si só, mereceria um texto a parte, pois a arte gráfica do banquete é coisa de gênio.
Nada disso faria muito sentido não fosse a coesão desconcertante dos músicos envolvidos, que vai desde o alcance interpretativo saborosamente canalha do vocalista Karl dy Leon, seguro tanto nos timbres mais rasgados quanto nas notas guturalizadas. Passando pelos riffs e solos econômicos do não menos inflamado guitarrista Rick Maia; pela condução superlativa das quatro cordas de Tiago Sandez, até chegarmos à já folclórica maestria do drummer–hero número um: mestre Odara – que chegou a concluir as gravações antes de, infelizmente, desfalcar a banda.
E o que antes era “apenas” uma senhora banda de palco agora também celebra a honra de ser uma puta banda de estúdio. Se depender de registros como este “Eletrokarma”, não há era glacial que consiga extinguir esses mamutes...
Nathanael Zuckerman.
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comentários: 3
Caras, simplesmente d +!!
apesar de não ser meu estilo preferido, gostei muito do som!
profissional mesmo!!!
bola pra frente vlw!!
Cabeça de Mamutes, huahuahauhau!!!
Cara realmente o Rock na veia q estava,os precisando, tocaram aki em camaçari no show feito por pablus do clube de patifes, e tive a honra de ganhar um cd , a banda MAMUTES simplesmente se resume a uma cachaça q tem q ser pura como o Rock'inroll abraços, beto camaçari -Ba
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